BEETHOVEN diz que faria tudo novamente e da mesma forma

O então juiz Luiz Beethoven Giffoni Ferreira foi o centro de uma polêmica que repercutiu no Brasil inteiro nos anos 1990. Ele era o responsável pelos processos de adoções que mandaram crianças de Jundiaí para o exterior. Para o Jundiaí Agora (JA), o hoje desembargador Beethoven disse que não tem arrependimento de nada. “Faria tudo novamente e da mesma forma”, afirmou de forma enfática.

O magistrado foi entrevistado na primeira reportagem da série ‘Adotados à Força’, no dia 21 de maio do ano passado. Era a história dos irmãos Anderson e Emerson Pereira Bento, adotados por um casal holandês e que queriam reencontrar a família biológica em Jundiaí. Ao saber da vontade deles, o desembargador disse que considerava isto muito comum e saudável. “Tivemos muitos casos assim”, explicou.

Há 20 anos, o juiz mantinha em seu gabinete plantas em todas as paredes e um pôster do filme ‘Beethoven’(comédia sobre um cão da raça São Bernardo). “Diziam que o pôster era vaidade da minha parte. Mas não era”, esclareceu. Ele também negou que a foto fosse uma demonstração de senso de humor. Questionado se teria um São Bernardo como bicho de estimação, ele afirmou ter um cão da raça Dálmata e um vira-lata.

Sobre a quantidade de adoções internacionais, Beethoven não deu um número preciso ao JA. “Foram muitas”, comentou. O ex-deputado estadual Renato Simões afirmou que dos 484 processos de Jundiaí, 204 resultaram em adoções por estrangeiros.

Embora tenha processado todos os veículos de comunicação que publicaram reportagens que considerou ofensivas na época, Beethoven elogiou a iniciativa do Jundiaí Agora. “É bom que a imprensa relembre o que aconteceu e que verdade apareça. Não tenho nada contra a imprensa. Muito pelo contrário”, enfatizou.

A entrevista com o desembargador Beehtoven:

Ao relembrar aquele período tão conturbado, o senhor tem algum arrependimento. Mudaria algo na sua forma de agir?

Não me arrependo de nada. Faria tudo novamente e da mesma forma…

O senhor chegou a ser hostilizado?

Fui ofendido e ameaçado. Sofri ameaças ao vivo e a cores. E também por telefone. Meus filhos atendiam ligações e ouviam ameaças. Eu e minha família vivíamos em clima de tensão.

Como o senhor avalia o trabalho que desenvolveu à frente da Vara da Infância e da Juventude de Jundiaí?

Meu trabalho foi um sucesso. Eu tive a vida mais investigada do que o Maluf na época. Houve a CPI do Judiciário, no Senado. O mundo inteiro condenou as adoções. Mas sei o que foi feito e os motivos…

Poderia explicar melhor?

Atendemos casos absurdos. Teve uma criança que chegou ao Fórum com o braço quebrado. Teve outro abusado sexualmente pelo amante da mãe. Irmãos eram queimados com cigarros pelos pais. Eram chamados de “cinzeirinhos’. Muitas crianças adotadas estavam com HIV e estão vivas. Com certeza, se tivessem ficado com as famílias biológicas teriam morrido…

O senhor mantém contato com algumas delas?

Sim! Recebo muitas cartas e fotos de jovens agradecidos pelas adoções que realizamos. Hoje vivem na Itália, Alemanha ou Holanda. Tornaram-se médicos, juízes…

Na época, como o senhor analisava o movimento das Mães da Praça do Fórum (foto acima)?

Eu costumava dizer que era um movimento ilegal para atitudes legais da Justiça. Continuo pensando assim.

O que o senhor pensava do advogado Marco Antônio Colagrossi (foto ao lado), que liderou este movimento?

Quem é este senhor?

Comentou-se muito que o senhor teria sido promovido a desembargador e foi trabalhar em São Paulo como uma forma de punição do Tribunal de Justiça de São Paulo…

(Risos) Punição? Eu me promovi! Tornei-me desembargador pelos meus méritos, pelo meu trabalho. Não foi uma punição ser promovido a desembargador.

O senhor processou vários veículos de comunicação e teria ganhado várias ações. O que fez com o dinheiro?

Processei e ganhei realmente. Mas não vou revelar o que fiz com o dinheiro. A Revista IstoÉ, por exemplo, teve o parque gráfico penhorado por causa da ação que movi. O valor desta ação é de R$ 5 milhões. Foram condenados em última instância e pagam R$ 20 mil por dia porque devem retratação inclusive na capa. As reportagens foram feitas pelo jornalista Mário Dimas (ilustração ao lado).

Por onde anda a promotora Inês Makowski(promotora de menores na década de 1990)?

Está aposentada. Não tenho mais contato com ela.

O senhor pensa em se aposentar?

Não tenho planos para isto. Vou trabalhar até quando Deus quiser.

O que o senhor diria para as mães que tiveram os filhos que foram adotados por estrangeiros?

Eu diria para elas fazerem o mesmo que eu faço: rezem.


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