Vivências com presépios fazem parte de minha história desde a infância. Não me recordo de Natal algum em que não houvesse, pelo menos, a figura de Maria, José e o Menino na manjedoura.

Minha avó materna, enquanto o físico permitiu, não deixava de armar o presépio em um canto grande da sala com casinha de sapé, lagos feitos de espelho, plantas, caminhos de areia e serragem tingida. Ao fundo, o céu representado por um pano azul com estrelas de papel laminado. Da janela, da velha casa da Rangel Pestana, chamava as pessoas para vê-lo. Todos, de crianças a adultos, demonstravam encantamento diante da cena natalina. Creio que cada um, de seu jeito, vivenciava a noite de Belém, plena de luz e simplicidade, com história de Amor maior, que atraiu e, até hoje, atrai pastores e reis.

Semana passada, estávamos com a exposição anual de Artes, Criatividade e Artesanato da Casa da Fonte, projeto socioeducacional que tem como mantenedora a Companhia Saneamento de Jundiaí – CSJ, no Museu Histórico e Cultural – Solar do Barão. Lá acontece, desde primeiro de dezembro, a exposição de presépios, tradicional na cidade desde 1978. Enleva-me estar em meio a eles, feitos com os mais diferentes materiais e montados por artistas de olhar além do horizonte. São obras de arte.

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Há presépios tradicionais, conforme o com movimento do Sr. Laércio Tetto e aquele que traz o cenário para o presente: reis e camelos chegam de trem. Ideia do diretor do museu, Paulo Vicentini. Imagens antigas de gesso se misturam aos de material diferenciado: giz, papel, papelão, crochê, tecido, dobradura, madeira, barro… Dona Nina Cerioni, do alto de seus 94 anos, não poderia faltar, assim como a Regina Kalman. E o Henrique Jahnel Crispim enriquece o espaço com suas imagens. A APAE possui um presépio e a Casa da Fonte, também. Algumas imagens de São Francisco de Assis, que realizou o primeiro presépio. O presépio do arte-educador Carlos Pasqualini enche os olhos de festa: folia de reis.

Não tenho dúvida de que, na Exposição de Presépios, os anjos de Belém cantam dentro da alma de quem os prepara, arma e observa. Não deixe de visitá-la! (foto acima: diocesedesaojoaodelrei.com.br)


MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE

Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de vulnerabilidade social. Acesse o Facebook de Cristina Castilho.