SWIFTIES, mulheres com 50 anos mas com corpo e mente de 30

Tenho recebido algumas sugestões sobre temas que, alguns dos meus queridos amigos, gostariam de ler. A maior colaboradora na indicação de temas é minha mãe. Devo confessar que adoro essa interação, adoro receber pedidos, pois é sinal de que estão lendo e gostando. Ou não. Podem, simplesmente, estar exercendo a função de amigos: incentivando-me. E por isso, os adoro mais ainda. Esse tema foi uma solicitação especial da minha querida amiga de tantos anos, Bete Gomes: “Qualidade de vida após os 50 anos”. Impossível deixar de falar sobre as rápidas e modernas swifties.

É notório que as mulheres aos 50 anos no início do século XXI, são totalmente diferentes daquelas que viveram em outros períodos. Antigamente uma mulher dessa idade, após cuidar de seus cinco ou seis filhos (ou mais), se contentava em tricotar e cozinhar para seus netos, ao mesmo tempo em que tentava controlar a pressão arterial e o diabetes ou, nem tinha ideia de que portava essas doenças.

Tanto é verdade, que a mulher quando atingia os 30 anos e ainda não estivesse casada, era rotulada como estigma de “encalhada” (ou “desesperada”), à caça de um marido para ter filhos e se dedicar à nova vida. Para elas era tão marcante chegar aos 30 que um escritor francês, Honoré de Balzac, cunhou a expressão “mulher balzaquiana” após a publicação do romance “A Mulher de Trinta Anos”.

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A partir daí, Balzaquiana passou a adjetivo, que qualificava a mulher de 30 anos de idade. Balzac foi o primeiro escritor a descrever o drama da mulher mal casada, consciente da razão de seus sofrimentos e revoltada contra a instituição do casamento.  Foi o primeiro a retratar um romance onde a personagem feminina tinha 30 anos, idade considerada madura para a época.

O tema central do romance retratou a vida de Julia d’Aiglemont, que contraiu matrimônio com Vitor, oficial do exército de Napoleão. Após anos de infelicidade, ao completar 30 anos, Julia encontra o amor verdadeiro, nos braços de Carlos Vandenesse.

Imagine o escândalo que essa obra provocou! As convenções sociais da época militavam contra o enredo do romance, ao mesmo tempo em que, conquistou e comoveu o leitor. No texto que deu origem à expressão “balzaquiana”, o autor valoriza a beleza, a experiência, os pensamentos, desejos e angústias de uma mulher que reivindicava o direito de ser feliz, discutia as mazelas de um casamento fracassado e, por fim, encontra o amor nos braços de outro homem.

Escândalo naquela época, mas totalmente atual.

A mulher de 30 anos, atualmente, está iniciando carreira, investindo no mercado de ações, buscando seu reconhecimento na sociedade. O que menos a preocupa é: se vai casar ou não; se terá filhos ou não. Inclusive, muitas decidem pelo não casamento e por não procriar.

Hoje, uma mulher na faixa dos 50 anospode, perfeitamente: trocar de emprego, se casar, ter filhos (biológicos ou adotados), iniciarcurso superior, namorar rapazes 20 anos mais novos, além de praticar esportes radicais. Tudo isso com uma saúde de dar inveja e pouco se importando se “tem idade” para isso, porque ela tem garra, tem força e talento. Isso basta.

Numa matéria da revista Época de 2012 o título dizia tudo: “Os 50 são os novos 30”. A idade é quase uma questão de opinião, como revela a matéria. Eu me vejo com uma, meus filhos com outra, os amigos me enxergam diferente, minha mãe nem acha que cresci, e assim vou esbanjando minha jovialidade.

Graças a avanços na medicina, até a fisiologia se alterou. Antigamente pessoas com 50 anos apresentavam sintomas e condições semelhantes às septuagenárias. Hoje, aos 50, as pessoas têm condições mentais e físicas semelhantes às que tem 35 anos, quando olhamos 3 décadas passadas.

É um fenômeno tão importante que nos Estados Unidos, as beldades bem posicionadas na casa dos fifties (50 anos) ganharam até um título: “swifties” (neologismo para solteiras com mais de 50).

Dentre as traduções possíveis, acredito que todas se encaixam no perfil da mulher que caminha pelos 50 anos: rápida, veloz, repentina, viva. Alguns fatores afetam a longevidade, os mais importantes são: uma genética favorável, um ambiente saudável e bons hábitos.

A genética não é possível alterar, já, os outros dois, evoluíram. Vacinas desde a infância, condições de moradia mais higiênicas, expansão do saneamento básico e o hábito de fazer exames pré-natais, contribuíram para isso.

Até quem possui doenças crônicas aos 50 anos pode ter uma vida saudável e funcional. Com controle e tratamentos adequados, a idade média do brasileiro pode ser aumentada, diz Nezilour Lobato Rodrigues, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

Acredita que a menopausa é um fenômeno recente? Há 100 anos, a maioria das mulheres morria antes dela. Durante a menopausa, a produção dos hormônios: estrógeno e testosterona, despenca e, por isso, a menstruação cessa e ficamos incapazes de engravidar.

Isso prejudica a libido e a lubrificação da vagina, além da saúde dos músculos e ossos, porém, com exames periódicos e reposição hormonal, recomendados pelo médico, é possível ter uma vida sexual com mais qualidade do que quando mais jovem, estágio em que a mulher ainda é insegura com a sua aparência, mas com o passar dos anos essa insegurança tende a desaparecer.

Como é ser uma mulher de 50 hoje (fonte: livro Sex over 50 – Sexo depois dos 50, citado na revista Época de 2012):

– 70% se preocupam com a aparência;

– Estão à vontade com a idade;

– Sentem-se livres dos padrões de beleza;

– Na cama estão mais soltas e dispostas a experimentar novidades;

– Topam se reinventar (casar ou separar, adotar crianças, mudar de profissão).

Meu padrasto citou uma palavra para descrever a mulher de 50: empoderamento. De fato, ela toma posse de si, decide, tem opinião, se reinventa, se ama verdadeiramente, sente necessidade de viver. E bem. Não aceita menos do que merece.

É a segunda adolescência. A falta de regras estabelecidas de conduta para cinquentões os leva a se entregar a uma reinvenção, como a ocorrida na transição da puberdade para a idade adulta.

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Segundo a escritora americana Suzanne Braun Levine, autora de “A reinvenção dos 50” e “How We Love Now” (Como amamos agora), aos 50, elas não sentem a pressão de corresponder a tantas expectativas da sociedade, como criar filhos pequenos e trabalhar ao mesmo tempo, ou ter o corpo perfeito e sexy. Elas reajustam os seus lugares no mundo, de acordo com o que lhes é importante(e não para o marido ou os filhos), adaptam suas expectativas de vida à realidade e se sentem mais responsáveis pela própria felicidade.

Resumindo: a mulher de 50 mantém a mente e o coração jovens e o resto, levemente mais velhos, afinal os primeiros 40 anos da infância são os mais difíceis! (foto acima: www.elo7.com.br)


SWIFTIESELAINE FRANCESCONI

Bacharel em Zootecnia (UNESP Botucatu). Licenciatura em Biologia (Claretiano Campinas). Mestrado (USP Piracicaba) e doutorado (UNICAMP Campinas) em Fisiologia Humana. Professora Universitária e escritora