IMG-20170717-WA0040Jundiaí teve, nos anos 1960, uma figura folclórica que virou um mito em nossa cidade. Nascido aqui mesmo no dia 16 de março de 1939, o detetive particular Susto, o nosso Sherlock Holmes, se chamava na verdade, Benedito Xavier de Aguiar (na foto acima com a mãe/abaixo, a cena ampliada). Era de uma família muito simples, neto de escravos foi alfabetizado no Grupo Escolar Conde de Parnaíba e assim que terminou o Ginasial fez curso de detetive particular por correspondência no Instituto Universal Brasileiro. Marcava presença diária na praça Governador Pedro de Toledo, a praça da então Igreja Matriz Nossa Senhora do Desterro que anos mais tarde seria elevada à Catedral.

SUSTO
A cena completa: apesar de detetive, Susto não gostava do anonimato e participava de eventos

A marca registrada de Susto era o modo que se vestia, sempre de gravata borboleta e chapéu de feltro. O único terno que possuía já estava surrado. Nele, ostentava um crachá feito por ele mesmo com a inscrição “Detective Particular”. Para arrematar o figurino, sapatos bico fino.

O anonimato para o exercício da profissão não era o forte de Susto. Para uns era apenas mais um mentiroso na cidade que fazia fofocas levando informações para as moças traídas e vice-versa. Outros diziam que ele tinha algum tipo de enfermidade mental. De uma forma ou de outra, Susto vive na memória das pessoas nascidas em Jundiaí até os anos 1960.

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Em 1963, o detetive foi entrevistado por uma aluna do ginasial das Escolas Padre Anchieta a pedido do professor Arnaldo Carraro.  Nessa entrevista ele afirmou que trabalhou, na década anterior, nas rádios de Jundiaí como humorista nos quadros que eram apresentados ao vivo.

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A praça da então igreja Matriz Nossa Senhora do Desterro: o detetive estava sempre por ali

Susto falou também que era cantor, mais precisamente tenor, e que tinha participado, como coadjuvante em vários filmes gravados em nossa cidade. E até deu os nomes deles: Casinha Pequenina, Cavaleiros da Serra, Crepúsculo do Ódio, Terra sem Justiça e a Lei dos Fortes. O detetive contou ainda que tinha iniciado um curso de piloto civil mas não o concluiu.

Da mãe, Benedito Xavier de Aguiar ganhou o primeiro apelido: “Bimbo”. O outro, “Susto”, viera quando ainda com 13 anos, assistia a um jogo de voleibol feminino no recém-inaugurado Ginásio de Esportes Dr. Nicolino de Lucca, o Bolão. O garoto levou uma bolada nas costas e gritou: “que susto!!!”. O berro ecoou pelo ginásio e dali para frente, passou a ser chamado pelo apelido onde quer que fosse.

O detetive, “especialista em casos amorosos”, odiava tanto o tratamento que as placas que colocava na fachada de casa anunciando seu ofício, sempre vinham com a advertência: “Não atendo por Susto” (foto abaixo). Ele morou na Ponte São João, Centro e vila Municipal.

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Naquela época não se falava em preconceito ou bullying. O detetive, porém, sofreu muito com os adolescentes que adoravam assustá-lo só para ver suas reações exageradas.

Susto contava que era infeliz no amor, embora fosse uma pessoa do bem e que sonhava ser fazendeiro ou piloto de avião. Ele morreu nos anos 1970 sem alcançar seus sonhos. Se tudo que ele contava era verdade ninguém sabe. Mas, a figura dele está eternizada nas rodas de prosa de muitos jundiaienses que se lembram de Benedito Xavier de Aguiar com bom humor e respeito à sua história.(Texto: Professor Maurício Ferreira)

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