SOM CHARLE, na Rosário, tinha LPs, fitas K7 e a Catarina

SOM CHARLE
Pode parecer incrível para os jovens de hoje, mas houve uma época em que para se ter a música que você gostava era necessário comprá-la. Elas vinham em LPs ou compactos. CD era coisa de filme de ficção científica. Também havia outra possibilidade: comprar fitas K7 virgens e gravar do rádio. Mas aí sempre havia o risco de a música ser interrompida por uma interferência ou pelo locutor da emissora. Em Jundiaí, nos belos anos 1980, algumas lojas vendiam LPs e fitas: Curadinho, Casa Carlos Gomes e a Som Charle. A primeira funcionava na galeria Bocchino. A Casa Carlos Gomes, na rua Barão de Jundiaí na altura da Nossa Caixa. Já o Som Charle ficava na rua do Rosário, perto do Gelli, que fechou recentemente. Era um estabelecimento pequeno, mas cheio de vida, de alegria, de bom atendimento. A vendedora, Catarina, era espetacular. Comprei ali discos fora de catálogo há décadas. Foi Catarina quem conseguiu para mim uma raridade, um LP de músicas italianas chamado “Gli Anni Moderni” que já era velho nos anos 1980. A vendedora disse que tentaria obter o disco com a gravadora. Deu um prazo. Na data, o LP estava lá, como prometido. Isto é o tipo de coisa que não existe mais em nenhum tipo de comércio. Ter a música de sua preferência era, portanto, algo difícil e caro. Os bolachões eram dados de presente de aniversário ou Natal. Pelo menos era assim na minha casa, onde o dinheiro sempre faltou. Além do atendimento espetacular, Catarina (qual era o sobrenome dela? Por onde andará???) tinha bom gosto. Garoto ainda, falei que gostava de Chico Buarque. E, do nada, ela apareceu com uma caixa com quatro LPs do autor de Roda Viva, Cálice, Construção e tantas outras. Como disse acima, comprar um bolachão era difícil. Uma caixa com quatro LP’s era algo quase que impossível. E Catarina conseguiu dobrar meus pais e eu sai da Som Charle com a caixa do Chico(ao lado). Mas fiquei um ano sem comprar discos… Os adolescentes de hoje nunca vão entender isto. Com um toque eles têm as músicas que gostam no celular. Podem ver seus artistas preferidos e seus clipes a qualquer momento. Não conseguem imaginar como era o relacionamento do público com um cantor ou uma cantora e sua obra numa época em que só se tinha o rádio e a televisão como meios de divulgação. E o rádio chiava muito. A televisão vivia com chuviscos e fantasmas. Quem nasceu nos anos 50 ou 60 sabe do que estou falando. A foto principal mostra a Som Charle, em 1977. Ernesto Zambon e Catarina, a melhor vendedora de LP’s que já conheci. Se alguém conhecê-la, peça para entrar em contato com o Jundiaí Agora. Gostaria muito de entrevistá-la!(Marco Antônio Sapia). PARA MAIS JUNDIAÍ DE ANTIGAMENTE CLIQUE AQUI VEJA TAMBÉM PUBLICIDADE LEGAL É NO JUNDIAÍ AGORA ACESSE O FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES