Os políticos BRASILEIROS…

Numa análise rápida sobre como agem os políticos brasileiros, mas deixando de lado o campo da corrupção e usando apenas a ideologia partidária, percebemos que são poucos os que se mantêm fiéis à postura do partido a que estão filiados. Claro que os exemplos deixam a situação muito mais clara neste conceito elaborado acima. O primeiro deles – e recente – mostra a postura política de Fernando Collor de Mello, eleito presidente da República em 1989 contra o, hoje, presidiário e ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Na época, os dois disputavam o segundo turno e o petista crescia a olhos vistos nas pesquisas eleitorais. Até que, buscando a vitória, Collor apelou para a filha de Lula fora do casamento, alegando que ele queria o aborto. Além disso, veio o famoso debate editado pela Globo para ser mostrado no Jornal Nacional e que acabou sendo totalmente contrário a Lula. Resultado: Collor venceu as eleições, tomou posse, perdeu o mandato, ficou oito anos de castigo e voltou como senador por seu estado, Alagoas, dando total apoio a Lula que era presidente República.

A reviravolta de posicionamento não se limita a Collor. Passando por Jundiaí, lembramos que em 1996 Miguel Haddad disputava seu primeiro mandato e o adversário mais forte era o petebista Walmor Barbosa Martins que tinha como vice, Juca Chaves Rodrigues. Durante toda campanha, Juca foi o principal “batedor” no então deputado estadual, Miguel Haddad. Oito anos depois, Juca foi o vice na chapa do peessedebista Ary Fossen e quatro anos depois, foi o chefe de gabinete de Miguel Haddad. Teve também o caso, ainda em Jundiaí, de Pedro Bigardi e Gerson Sartori, na ocasião ambos do PT. Bigardi ficou como suplente de deputado estadual. Para disputar a eleição de 2008, Bigardi precisou mudar de partido porque Sartori seria o candidato do PT. No PCdoB e com os resultados das eleições, Bigardi conseguiu a vaga de deputado estadual, suplente que era. Mas o PT brigou, alegando que a vaga era do partido não do candidato. Houve processo, troca de farpas entre os dois e Bigardi perdeu o mandato. Na eleição de 2012, Bigardi foi candidato mais uma vez pelo PCdoB, agora alinhado ao PT. Eleito prefeito, teve em Sartori seu principal aliado na Câmara.

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Como não existe ideologia política, a situação continua complicada neste campo, principalmente para aqueles que, para ser candidato, trocam de partido como se troca de camisa. Bigardi, por exemplo, foi eleito prefeito pelo PCdoB, mudou em seguida para o PSB e agora está no PDT, junto com Sartori, ambos querendo ser deputados, o primeiro estadual e o segundo federal.

Mas no cenário político nacional, mais um caso para se rir: Dilma Rousself deve ser candidata do PT ao Senado, por obra de Ricardo Lewandowski, então presidente do Supremo Tribunal Federal e que comandou a sessão que tirou a Presidência desta mulher. Lewandowski optou em não punir Dilma com a suspensão dos direitos políticos por oi anos, como ocorrera com Collor, alegando que ela ainda precisava se aposentar. Dilma então se lança ao Senado de Minas onde Aécio Neves do PSDB e que tem a vaga, buscando a reeleição, vê sua situação se complicar por virar réu, esta semana, por obra e arte do STF, no caso do áudio gravado pela JBS. Punido, a candidatura de Aécio perde força e pode até virar “ficha suja”, lei criada pelos políticos para defender seus direitos.

Dilma, na busca de apoio, se une ao PMDB que tem parlamentares que votaram pela perda de seu mandato. Os mesmos que a apoiaram para ser presidente e que votaram pelo seu impeachment. Como no Brasil, em se falando de política,  vale tudo, é melhor rir do que chorar!


NELSON MANZATTO
Jornalista profissional diplomado, tendo trabalhado no Jornal da Cidade de Jundiaí, Diário do Povo de Campinas, Jornal de Domingo de Campinas, Diário Popular de São Paulo e Jornal de Jundiaí. Foi editor-chefe dos jornais Diário do Povo, Jornal de Domingo e Jornal de Jundiaí e sempre trabalhou nas editorias de Política e Economia. Também trabalhou em Assessoria de Imprensa. É membro da Academia Jundiaiense de Letras e tem quatro livros publicados: Surfistas Ferroviários ou a História de Luzinete (Vencedor de Concurso Literário), Contos e Crônicas de Natal (com cinco textos premiados), Momentos e No meu tempo de Criança. Mantém um blog literário: blogdonelsonmanzatto.blogspot.com