Mudanças de RUMO: os muitos desafios a serem vividos

Serei breve e curto desta vez. A dor física está machucando muito. Não quero perder tempo com lamentações mas serei pontual e objetivo, dentro do meu estilo de escrita. Manterei a fidelidade às minhas convicções e adotarei recortes temporais e emergentes na adoção temática. Tratarei também de mudanças de rumo…

Esta semana passei meu dia em procedimentos pré-cirúrgicos, coletas e exames de imagem, porque os dados precisam ser atualizados; isto me levou a realizar cada um deles, novamente, pois desta vez a coisa vai dar certo e passarei pelo meu restauro. O quadril direito não me permite ações amplas nem rápidas e a dor me torna incapacitado para qualquer que seja a intenção de movimento.

Em pouco tempo terei nova articulação (em prótese) e nova vida. Protelei, custei a assumir tal necessidade, mas a qualidade de vida me leva a tomar atitude radical e única. Que venha a prótese, Dr. Bertolli!!! Mas, enquanto isso, meu cérebro se torna mais e mais ruidoso. Mais, muito mais seletivo. Ao ponto de nem pensar em meios termos, quando a questão é de moralidade ou ética.


E não é que nas salas de espera da Vida, por onde circulei esta semana, consigo dialogar com estranhos e falar de todos os assuntos, do mais trivial até os mais cabeludos. Claro que ele esteve presente: Neymar, o menino insistente.

E a conversinha de que ganhar é para a nação, que perder não é seu estilo, e dizer que sente a cobrança na pele, mais uma vez, e desta vez com profundidade, só faz ver e aquilatar a profundidade do despreparo mental deste menino mimado, desconhecedor do que significa ser personalidade pública. Do que vem a ser um representante de um povo sofrido.

Mais uma vez ele dá conta e, desta vez, em público, que não está preparado para ser melhor em nada que possa assumir papéis sociais diversos, mas em grande escala, pois ele se omitirá e se colocará como vítima de chantagem emocional barata, esgueirando-se pelas beiradas e portas ocultas afim de fugir do contato com o público que o elegeu como personalidade.

Neymar virou piada mundial de grande monta. O mundo ri de suas quedas e de seus ataques de humor infantil (sem falar em seus cabelos montados para grandes aparições) seguidos de suas performances de instabilidade emocional pública e notória. Certo comentarista tentou insinuar que Ronaldo Fenômeno teve inicio semelhante, mas o leque de grosserias enunciados pelo atual fenômeno não se iguala a nada até então visto no futebol nacional.

O jovem é um atleta performático, de uma técnica excelente, dono de um futebol inigualável. Merecedor de estar entre os melhores do Mundo, porém enquanto este agravado estado de humor e de educação não for modelado tememos não conseguir conquistar este título. Os demais que já passaram e passam pela carreira de “melhor do Mundo” conseguem se defrontar com seus fãs e seguidores, como mortais que são.

Difícil lição a ser aprendida e quase impossível mudança a ser atingida (porque para mudar é preciso ter consciência de que algo não está bem e querer mudá-lo). Enfim, é o que temos para ver e lamentar.

Mas, de maneira direta, não tenhamos pena do pobre menino rico incontrolável e intratável Ele só mostra os dentes para rir, quando o vento está favorável. Em outras situações seus dentes são garras afiadas para o ataque ou se camuflam e saem de cena, na surdina, na calada dos corredores desconhecidos.

E, mais uma vez falando de Educação, tenho a enorme e grata alegria de noticiar que a Universidade a que estou agregado e exerço meu cargo de docente, desde os idos de 80, a Universidade Estadual Paulista (UNESP) acaba de ser reconhecida como a instituição de ensino que avançou no ranking latino-americano da revista inglesa Times Higher Education (THE), em todas as áreas, na edição 2018, em comparação com o ano passado e foi a segunda melhor avaliada em ensino e a terceira melhor em pesquisa.

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Como sempre aponto: não faltam excelentes profissionais e alunos, não faltam méritos e vontade em crescer, não faltam desempenhos brilhantes. Será que a população se dá conta disso? Porque o mérito fica centrado também no valor investido para esta conquista e este valor é fruto do ICMS paulista, em que toda a população arca com seus dividendos para tamanho virtuosismo. Fico muito feliz, pois saio num momento em que minha UNESP brilha no cenário internacional e sei que meus alunos e orientandos ficam igualmente satisfeitos por verem seus esforços serem reconhecidos.

Pois é, colegas…apesar de tudo, conseguimos reconhecimento.


A arte de acolher.

Falo tanto disto e as vezes nem percebo o fato concreto, a situação posta, a coisa no real, no cotidiano. Queria agradecer a todos pelos quais cruzei nesta semana: das atendentes hospitalares, das técnicas de enfermagem, dos operadores de raio x, das recepcionistas, das faxineiras que limpavam os ambientes hospitalares e clínicos até meu médico, que me encontra, por acaso, no corredor e me põem em sua sala para me explicar, mais uma vez, o motivo que deve me tranquilizar diante da cirurgia.

Como é bom saber que se tem um acolhimento que reenergiza e revigora o espírito e diz: siga…vá em frente, estamos aqui sempre. Amigos que me circundam e sabem de meu esforço e dor, irmãos de fé que não me desamparam, líderes que me pacificam, fé que não me emburrece. Sentir-me acolhido está me dando forças para mudar a vida e refazer o rumo.

Que venham novas possibilidades. Que venham novos horizontes. Que venham novas desafios. Sou movido à desafios e estou apto para enfrentá-los. Aprendi muito nesses momentos da dor física. Obrigado pela aprendizagem e pela resistência que não conseguia avaliar ser portador. Obrigado.

Em muito breve apontarei novo currículo. Mudanças na vida são necessárias sempre. O novo é um bem necessário e surpreendentemente desafiador. Então, vamos ao desafio. Submeto-me.(Ilustração: lifeisdear.com)


AFONSO ANTÔNIO MACHADO

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduando em Psicologia, editor-chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology.