No tempo em que se pedia LIGAÇÃO à telefonista e você esperava, esperava…

A foto de hoje pode parecer que não tem nada de especial. O prédio da esquina Coronel Siqueira de Moraes com rua Barão de Jundiaí não mudou muito desde 1978, quando foi feito este registro. O detalhe fica por conta do letreiro que informava que ali funcionava a Telefônica, que nada tem a ver com a empresa que opera hoje. Eram tempos do “senta e espera” literalmente. Você pedia uma ligação interurbana para São Paulo e esperava, esperava, esperava…

Hoje se consegue falar com outras pessoas de todas as formas possíveis, por áudio, vídeo e texto. Mas, nos anos 1970 não era assim. E quem não viveu aquele período tem até dificuldade para imaginar. O andar térreo do imóvel da fotografia era cheio de cabines com aparelhos enormes. Ao entrar ali iniciava-se um ritual que não tinha prazo para acabar. Primeiro esperava-se uma das cabines ficar vazia. Em seguida, ficava-se batendo no suporte do fone. Era o código para chamar a telefonista. Isto tudo com o fone no ouvido. Não se fazia a discagem. Aguardava-se a voz do outro lado dizer “pois não”…

Era o início da aventura da comunicação. Você falava o número para a telefonista e ela pedia para aguardar. Era ela quem fazia a discagem. E aguardar não era coisa de um ou dois minutos, o que já deixaria muita gente irritada hoje. Na Telefônica havia cadeiras, bancos. Você sentava e podia ficar ali, 30 minutos, uma hora, esperando uma ligação para São Paulo ser completada. Sempre existiu em mim, ainda criança, uma dúvida: havia dificuldades técnicas para se conseguir completar a ligação ou era pirraça da telefonista? Será que era tão difícil, levava tanto tempo para conectar uma pessoa que estava em Jundiaí a outra que vivia em São Paulo. Sei lá. Só uma telefonista pode responder. Só sei que para uma criança, uma hora era tempo demais…

Quando a ligação era finalmente completada, a conversa começava e você passava a depositar as fichas no aparelho azul, um devorador de moedinhas que nada valiam no comércio. Elas tinham a inscrição “DDD”. Quando as fichas acabavam, fim de diálogo. As vezes o tempo, maldoso, encerrava a conversa antes do tchau ou no meio da informação mais importante. Se quisesse saber mais era preciso começar todo o processo: “senta e espera”.

A minha geração viveu os extremos. Hoje se encontra uma pessoa a qualquer hora em qualquer lugar. Há somente 40 anos, falar com alguém em São Paulo por telefone levava quase o mesmo tempo que entrar num fusquinha, pegar a Anhanguera e dirigir até a casa do fulano. Cada tempo com suas virtudes e defeitos. Talvez o meio termo seria o ideal.

Ah, se houver alguma imprecisão técnica no texto, desculpem. Se puderem mandar mais detalhes, agradeceria. A memória pode trair a gente. Fazer um telefonema interurbano não era coisa corriqueira. Talvez por conta de todas as dificuldades é que tenha surgido aquela brincadeira com a pessoa que está toda arrumadinha e o outro comenta: “vai telefonar para São Paulo?”. Mas uma coisa é certa: que era demorado para falar com São Paulo por telefone, isto era… (Marco Antônio Sapia).

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