Todo mundo deveria ler esse LIVRO

O novo livro do historiador e antropólogo Jorge Caldeira, “História da Riqueza no Brasil”, como bem diz o professor Celso Lafer, revoluciona a análise e a interpretação da história nacional. Depois da sua leitura, a visão do Brasil atual adquire outra perspectiva.

Os livros anteriores de Caldeira – que muito me honrou ao escrever o prefácio do meu livro “Coisa de Paulista” – já abordavam questões analisadas na obra. Uma delas é a importância, no Brasil Colônia, da economia interna, ou seja, não voltada para a metrópole, até então considerada pelos historiadores clássicos a única fonte produtora de riqueza do período. Como mostra Caldeira, ocorria exatamente o contrário. O significado dessa perspectiva recorrente, que desconsidera – e, por consequência, desestimula – o dinamismo e a capacidade de empreender do povo brasileiro está na raiz dos equívocos que nos levaram ao atraso.

Um fato importante, que se evidencia no texto, é a continuidade da ideia da “cabeça do reino”. Na época colonial, a atividade do poder central se restringia a uma única ação: cobrar impostos para financiar a metrópole e, particularmente, a corte. As benfeitorias feitas aqui eram mínimas. O que se via eram proibições ao que quer que significasse progresso, como a proibição à impressão tipográfica ou à criação de escolas de nível superior.

No Império, as tentativas feitas para direcionar recursos para financiar a modernização da economia – e consequentemente acabar com a mão de obra escrava – foram rechaçadas, fazendo com que perdêssemos o bonde da Revolução Industrial e perpetuássemos a mentalidade ‘senhor e escravo’ que, vergonhosamente, ainda persiste.

Com a proclamação da República, o que mudou foi a cabeça, que deixou de ser o rei e a nobreza, e passou a ser o Estado. Propostas feitas por Rui Barbosa, quando ministro da Fazenda, para financiar a produção, receberam o destino de sempre. Para saber se isso se mantém, basta ver a destinação dos impostos escorchantes e o custo do financiamento para quem quer abrir um negócio.

A publicação de “História da Riqueza no Brasil” neste ano eleitoral é especialmente importante. Sem querer entrar em discussões partidárias ou ideológicas, é bom que o povo brasileiro, neste momento, possa ter acesso aos fatos apresentados na análise feita pelo historiador.

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Vamos torcer apaixonadamente pelo Brasil na Copa. Mas na hora de decidir qual o caminho a tomar, a partir das aprofundadas informações que nos são fornecidas, poderemos romper esse círculo vicioso e assegurar, daqui para frente, a efetiva continuidade, sem retrocessos, do nosso desenvolvimento econômico e social.


MIGUEL HADDAD

É deputado federal pelo PSDB e ex-prefeito de Jundiaí