Férias é plural de féria, termo que deriva do latim e que significa dia de festa, época de repouso, descanso, interrupção das atividades, e que para cada um de nós, pode ter significado único.

Há quem goste de dormir até tarde, comer mais à vontade, praticar atividades ao ar livre, sentar em uma cadeira na praia e observar o movimento, ler livros, passear sem destino certo, organizar longas viagens, se divertir em parques, fazer cursos, pintar, escrever ou simplesmente ficar em casa assistindo maratonas de suas séries favoritas.

Eu gosto de um mix disto tudo.

As férias são importantes para que o indivíduo se obrigue a mudar de rotina, esfrie sua cabeça dos problemas rotineiros, porque quando retomar as atividades normais, muitas vezes estará com vários conflitos já resolvidos, trazidos de sua pausa.

Eu tive um grande mestre orientador no período de mestrado realizado na USP de Piracicaba: Dr. Dante Pazzanese Duarte Lanna. Como toda aluna iniciante me debatia com questões bem simples, que ela resolvia dizendo: anote seu conflito, sua dúvida e guarde na gaveta. Daqui a uma semana, ou 10 dias, pegue esse papel e veja se ainda é um problema. Se for, um novo pensamento sobre ele trará a resposta.

A serenidade do grande mestre e muitos outros ensinamentos incorporei à minha vida.

Mas eu preciso me afastar das atividades? Preciso parar de fazer qualquer coisa? Claro que não! Mas é necessário mudar o foco para obter clareza, recuperação, formação de novas rotas de solução. Assim a fisiologia diz: o repouso é tão necessário quanto a atividade, seja ela mental ou física.

Creio que esse pensamento de David Lloyd George, resume bem a pausa saudável, um hiato ativo: mudar de preocupação faz-me tão bem como tirar férias.

Portanto, as férias podem não ser muito longas, mas se o foco mudar, mesmo dentro de nosso próprio trabalho, pode funcionar tão bem quanto, afinal existem milhares de pessoas que não conseguem tirar férias. Então, como elas descansam? Mudando a rota dos pensamentos.

A cada repouso, o patamar de força ou inteligência aumenta. E assim, galgando os degraus da evolução vamos melhorando nosso desempenho. O desequilíbrio dessas atividades leva ao estresse que levará, com o tempo, à ruptura da ordem, causandogrande caos orgânico.

Saí de férias não porque cansei de escrever, apesar de que até a criatividade precisa de descanso, mas por completa incapacidade de enviar meus textos.

Costumo me enfiar no sítio da família durante um longo período, que inicia alguns dias antes do natal e termina logo após o ano novo e ele fica num lugar tão especial que internet e telefone não funcionam lá. A televisão funciona. Ás vezes. Se não chover.

É o paraíso na Terra. As crianças brincam do lado de fora de casa com um monte de primos, se ralam, se sujam, gastam muita energia e ficam felizes (apesar de reclamarem da falta de internet).

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Assim que passa o ano novo me enfio em outro paraíso: a casa de praia da minha mãe no litoral norte de São Paulo. Também não tem internet nem telefone, mas pelo menos o 4G funciona (precariamente). Ali é onde realmente descanso. Minha mãe cuida de todos nós, como avó dedicada que é.

Cresci frequentando aquele lugar, indo para lá sempre que as atividades do dia a dia permitiam, por isso tenho uma relação de grande amor e prazer nesse ambiente. Esteja sol, chuva, frio ou calor é em Boiçucanga que recarrego minha energia.

E agora estou de volta, no melhor lugar do mundo: a minha casa. Seja ela onde for, porque é ali que encontro meu verdadeiro amor: minha família.

Encerro esse texto agradecendo a oportunidade de estar viva e saudável para que ainda possa realizar muito mais e assim desejo a todos os meus leitores do Jundiai Agora que esse ano seja de inúmeras realizações e conquistas, que a cada um seja dado conforme seus méritos e que possamos construir um mundo melhor para nós e nossos sucessores. A todos um feliz 2018! (Foto acima: www.cheryldavidlaw.com)


ELAINE FRANCESCONI

Bacharel em Zootecnia (UNESP Botucatu). Licenciatura em Biologia (Claretiano Campinas). Mestrado (USP Piracicaba) e doutorado (UNICAMP Campinas) em Fisiologia Humana. Professora Universitária e escritora.