Muitas crianças apresentam comportamentos inadequados na escola e em casa, chegando mesmo a tirar os pais e professores do sério. São perguntas inoportunas e embaraçosas, comportamentos impróprios para a hora e para o local, fala em demasia, irritabilidade, variações constantes de humor, e comportamentos de birra e manha.

Os comportamentos descritos, dentre outros, parecem revelar uma criança que esta insatisfeita, uma criança manhosa e sem bons modos. Isto é até comum em se tratando de crianças que geralmente apresentam comportamentos inapropriados. Mas, se o problema começou a apresentar-se depois que a criança ingressou na escola, e substancialmente revela-se na sala de aula, onde existe a desatenção, o comportamento de chamar a atenção da professora, a irritação com os colegas, ou mesmo o distanciamento do grupo social, então devemos nos atentar para outras características desta mesma criança.

Caso a criança apresente uma grande facilidade na aprendizagem dos materiais ensinados pela professora, se a criança realiza suas tarefas escolares e os deveres de casa rapidamente e corretamente, se a criança apresenta uma certa inquietação para perguntar “coisas novas” e fora de idade (acima) tanto na escola como em sua casa, e se a criança apresenta uma fala mais madura para sua idade, então devemos pesquisar o nível de inteligência desta criança. Muitas crianças que apresentam comportamentos inadequados e até mesmo problemas comportamentais, o fazem porque estão entediadas com a aula, ou com a maneira infantil com que são tratadas.

Isto quer dizer que se possuem um nível de inteligência mais alta que a maioria, estas crianças acabam comportando-se de forma inadequada, porque estão tentando manifestar que querem mais do que aquilo que já estão recebendo, tanto na escola quanto em casa.
Para isto estas crianças precisam passar por uma avaliação de seu Quociente de Inteligência (Q.I). Onde são examinados por psicólogos através de testes padronizados e aplicados individualmente e acompanhados de uma anamnese completa.

Uma vez constatado que a inteligência da criança é realmente superior, deve-se propor um acompanhamento psicológico para adequar o conhecimento e os comportamentos às reais necessidades de cada criança. A orientação da família para aprender a lidar com esta diferença de inteligência também deve ser realizada. Infelizmente, nem todas as crianças com os problemas citados se enquadram nos critérios para inteligência superior. Por isto é necessário uma avaliação bem completa.

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O contato constante com a criança durante a execução dos deveres de casa, uma conversa franca sobre o que acontece na sala de aula, o monitoramento das brincadeiras em grupo, e a observação daquilo que realmente é de interesse da criança, são requisitos básicos para a identificação dos possíveis problemas com inteligência superior. Em geral estas crianças necessitam maior estimulação tanto na escola como em casa, e uma vez que tenham isto, acabam se adaptando perfeitamente ao grupo a que pertencem. (foto acima: www.leandroteles.com.br)

DANIELA MENICALLIDANIELA MENICALLI
Psicóloga clínica, mestre em Distúrbios do Desenvolvimento, com formação há 18 anos. Atualmente responsável pelo Instituto Daniela Menicalli de Psicologia e professora coordenadora na Faculdade Fia – USP.