Semana de muito tumulto, em todos os setores da Vida. Parece até que entramos no olho do furacão e que não conseguimos forças ou discernimento para sair da inércia. Afinal, o que nos acontece? O que, de fato, nos aflige? Qual problema nos anestesia? O que mais dói?  Como superar a tensão existente? Para que lado fugir? O que enfrentar primeiro? O que esperar do futuro? Será que haverá um?


São denúncias seguidas de denúncias…debates sobre debates. Avaliações isentas de pendor político e avaliações totalmente contaminadas. Pouca notícia diferente, mas uma repetição acachapante de modo a trazer mal estar só em iniciar a reportagem;quando o fato se modifica, isso se altera para pior. Ninguém facilita o ouvido e a vida do cidadão.

A insistente luta de governantes para discutir sobre a aposentadoria do brasileiro, como se isso fosse o motivo de difícil momento financeiro pelo qual passamos. Sobre o retorno dos roubos de bilhões para os cofres públicos e um reestudo sobre a Previdência, nem se cogita informar. Informa-se o que é conveniente, obviamente.

Neste turbilhão, dois presos negociam a não realização do exame de corpo de delito, no IML, alegando segurança física e de imagem (enquanto o comum dos cidadãos nem sabia que poderia negociar: são obrigados e são avaliados). E o direito é para todos. E o ex-presidente acusa seu fiel escudeiro de ser prolixo, dissimulado e mentiroso, enquanto até dias atrás era honesto, ilibado e sábio.

Aliás, este mesmo senhor alega não saber de fatos, não se lembrar de situações e se dizer perseguido e ameaçado pela Justiça. Esboça até uma intimidade com uma procuradora da justiça, fato que mereceu reparo imediato e enquadramento mais do que justo; informalidade em momentos informais. Apenas e já é muito, tamanho o descaramento.

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Nada muda no quadro atual. Mais acusações, mais informações que os acusados rebatem como sendo meras especulações. Mais fatos ruins, mais falcatruas, mais arrebanhados comprados e favorecidos, mais sujeira em baixo, em cima, ao lado e dentro do tapete e, o cidadão comum, olhando, ouvindo, pasmo. Sem saber como atinar. Se é que é possível.

Perguntei aos meus alunos de graduação o que eles pensam sobre a situação e ouvi, como resposta, um silêncio profundo e um olhar vago. Para os da pós-graduação, indagados sobre o mesmo tema, ouvi que é assim, não tem jeito, nada vai mudar…descrédito e inércia. Perderam o gosto pela Pátria, se é que já sentiram este gosto. Difícil de analisar.


Enquanto isso, outra parcela da juventude, (soma-se a esta aqueles adultos de 35 a 45 anos, que ainda não se decidiram se estão entre os adolescentes e os adultos, de fato) teve momentos de muita aflição e desespero: a Lady Gaga não virá ao show de rock. Puxa, até entendo, pois o país está num excelente momento, nenhum problema se aproxima de nós e a Lady Gaga não vir ao Rio de Janeiro realmente é dramático e entristecedor.

Aliás, a ausência da Lady Gaga, no Rio de Janeiro, deveria ser motivo para parar a cidade, o Estado, o país. Um fato de extrema urgência e de grande relevância para a cidade, para o estado e para o Brasil. Concordo com eles, devem sofrer mesmo diante deste acontecimento: afinal a Lady Gaga é a Lady Gaga.

O trem da alienação já passou e deixou vários personagens por aqui. Por isso devemos chorar e nos revoltar pela ausência da Lady Gaga, afinal, seria o único motivo que nos causaria algum transtorno, diante da maravilha de vida que o brasileiro está desfrutando.

Seria capaz de propor uma passeata, um abaixo-assinado em protesto, cartazes. Enfim, seria capaz de algo que manifestasse esta indignação. Quanta insanidade, quanta causa vã e quanta despreocupação juntas num mesmo espaço temporal. O que será que os educadores não fizeram para que tenhamos um grupo jovem tão despreparado?

Onde faltou cultura e história da humanidade para que isto tivesse um resultado de tamanha magnitude? As vezes chego a pensar que estou vivendo um sonho. Ou um pesadelo, já não consigo identificar entre um e outro. Mas isso não é real; é surreal.


E entramos no mês de setembro, aquele em que se dedica aos cuidados e prevenção do suicídio, como símbolo de uma luta sócio-cultural de muito significado. A Faculdade de Psicologia da ANHANGUERA-KROTON realizará uma semana em que se estudará, debaterá, analisará o fenômeno que deixou de ser algo despercebido para se tornar numa preocupação mundial.

Atualmente o número de suicídios é altíssimo e isso acontece em todos os cantos da Terra: de países mais desenvolvidos até os menos avançados; a causa é sempre pontual e representativa para o espaço em que ocorrer, o que faz com que autoridades da saúde mental se voltem aos estudos específicos do problema.

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Idosos, adultos, jovens, adolescentes e crianças estão sujeitos e vulneráveis ao ato, fato este que leva cada vez mais os psicólogos se tornarem hábeis para reconhecer sinais e pistas deixadas, pelos potenciais suicidas. O fato é muito sério e merecedor de muita atenção, razão pela qual as semanas de prevenção são abertas ao público em geral e a toda a comunidade.

Muito mais do que uma proposta de entendimento, é necessário um gesto de acolhimento para que se estabeleça um laço afetivo e uma razão a mais para lutar pela Vida. Divulguem as campanhas, discuta sobre o tema, promova reflexões mas não deixe esta campanha passar despercebida: a Vida tem um valor atemporal e inestimável.

Que estejamos atentos àqueles que estão aos nossos lados.


E diante de tudo isto ainda fico pensando: como poderíamos ser mais participativos e mais úteis para os nossos próximos mais próximos? Como atingir uma grande massa? Como fazer diferença na Vida de alguém, diante de tantos problemas reais e sérios?

Acredito na necessidade de diversão e lazer, em especial porque momentos de ócio é parte de uma saúde mental equilibrada, mas não posso me deter diante do bizarro sofrimento pela ausência da Lady Gaga. Há motivo demais para gastar tanta sofrência e razões muito mais trágicas para desesperos.

Como está difícil do Brasil acordar…será que o país está dopado?

AFONSO 2AFONSO ANTÔNIO MACHADO

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduando em Psicologia, editor-chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology.