Educação em DEBATE; é preciso que fiquemos atentos

Durante o período como prefeito, tive a oportunidade de acompanhar mais de perto o funcionamento do sistema de educação em Jundiaí. Uma estrutura grande, complexa, competente e humanizada. Os números do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2015 comprovam a qualidade do nosso ensino. Enquanto a média nacional foi de 5,5 e o Estado 6,4, Jundiaí teve nota 6,8. Em 2011 na avaliação anterior ao nosso governo a nota tinha sido 6,3. Ou seja, a educação em nossa cidade avançou nos últimos anos.
Em 2013 conseguimos preencher uma lacuna que havia, com a instalação do Instituto Federal de Ensino em nossa cidade oferecendo cursos técnicos gratuitos e que já formou mais de 500 jovens. Então, coloquemos a educação em debate. Precisamos que fiquemos atentos…

Particularmente me dava muita alegria, e muitas vezes emoção, ver a formatura do programa do Centro Municipal de Educação de Jovens e Adultos (CEMEJA), que oferece oportunidade para aqueles, que em idade regular não tiveram acesso ou não deram continuidade aos Ensinos Fundamental e Médio, incluindo pessoas com deficiência. Ampliamos o número de salas de aula nos bairros descentralizando o programa e tivemos mais de 5 mil pessoas formadas.

O ponto-chave da educação é a valorização dos profissionais e buscamos a permanente melhoria da carreira e das condições de trabalho. Implantamos o 1/3 de atividades extra classe para os professores, reconhecendo o trabalho que estes profissionais têm fora da sala de aula. Resgatamos a titulação acadêmica que garante aos profissionais gratificações por títulos de formação superior.

Faço referências a estas conquistas e também aos avanços na educação em Jundiaí por conta dos últimos debates sobre o tema, especialmente na sessão da Câmara Municipal em que educadores e pais de alunos estiveram presentes. Na tribuna uma representante do bairro Medeiros questionou a possibilidade do fim do período integral na escola do bairro. Segundo ela, este assunto chegou a ser cogitado no bairro, em função da alta demanda de alunos, porém esta informação não foi confirmada. O outro assunto é a redução da carga horária com redução de salários dos coordenadores nas escolas. Aqueles que usaram a palavra na sessão deixaram claro a importância destes profissionais e da jornada de trabalho. Neste caso foi confirmada, como possibilidade, a intenção do gestor da educação em fazer tal redução de jornada. Em ambos os caso, se consolidadas as alterações, teríamos um retrocesso.

Outro fator de destaque nos debates são as sucessivas reclamações dos administradores sobre a questão orçamentária e os recursos disponíveis, assunto da última reunião do gestor da educação com os servidores. Todos sabemos que vivemos uma grave crise econômica e uma queda acentuada de recursos para os municípios. Durante dois anos (2015 e 2016) senti isso na pele. No entanto não se pode justificar toda e qualquer ação administrativa em razão da crise. Mesmo com a crise soubemos investir na educação oferecendo escolas com período integral na Roseira (reabrindo) e Terra Nova, construindo quatro escolas novas, reformando e ampliando 52 escolas, entregamos material e uniforme gratuito, oferecemos 3200 novas vagas em creche.

LEIA TAMBÉM:

REFORMAS, MOMENTO, FORMA, CONTEÚDO E ENVOLVIMENTO

Infelizmente, o atual governo responsabiliza o governo anterior pelas limitações e medidas que precisa tomar, mas se esquece de cumprir o seu papel como gestor. O atraso na entrega do material escolar e dos livros didáticos é falta de gestão, pois o processo de compras começou em 2016. Merenda vencida entregue nas escolas estaduais é falta de gestão. Uniformes pela metade poderia ser uma boa solução desde que o restante do uniforme de inverno, neste momento, já tivesse sido entregue. Falta de gestão.

Mudanças podem e devem ser feitas, no entanto é preciso uma ampla discussão, pois existe um Plano Municipal de Educação aprovado pela Câmara Municipal em 2015 além do documento intitulado “Diretrizes Curriculares da Educação Básica Municipal de Jundiaí” elaborado exaustivamente pelos profissionais da educação. Enfim, é preciso ficar atento.

 

DEBATEPEDRO BIGARDI
É jundiaiense, 57 anos, engenheiro civil, casado com Margarete e pai de Patricia, deputado estadual (2009 – 2012) e prefeito de Jundiaí (2013 – 2016).