CENÁRIO ECONÔMICO: os fatos que fizeram a Bolsa despencar

Hoje estreia a coluna Cenário Econômico, de Diogo Yamassake. Com larga experiência no Mercado Financeiro, Diogo escreverá diariamente no Jundiaí Agora sempre com a preocupação de fugir da linguagem dos economistas, coisa que poucas pessoas entendem. A preocupação da coluna ‘Cenário Econômico’ é analisar os fatos que mexem com seu bolso e suas aplicações de uma maneira fácil e rápida.

Sucumbiu

A Bolsa de Valores brasileira abriu a semana em forte alta, no maior patamar em anos. O Ibovespa operava em 69 mil pontos na contramão das principais bolsas do  mundo. Mas, a sessão de ontem (21) acabou com o Ibovespa virando para queda e o dólar disparando para alta de quase 1%.

Eventos

Os motivos que fizeram o mercado enfraquecer foram desde eventos corporativos, com a Justiça suspendendo o leilão de usinas da Cemig, fato que prejudica o governo e além disso a PGR (Procuradoria Geral da Republica) denunciou o líder do Governo no Senado. No exterior, o tombo do petróleo também não contribuiu.

Mercado em Números

O Ibovespa fechou em queda de 0,12%, aos 68 mil pontos, após chegar a subir 0,5% no melhor momento do dia, e o volume financeiro ficou em R$ 11,7 bilhões. Já o dólar comercial teve forte alta de 0,7%, cotado a R$ 3,16, após chegar a cair para R$ 3,13. O dólar futuro com vencimento em setembro avançou 0,6%, a R$ 3,17.

Cemig

Na primeira má notícia para o Governo no dia, uma liminar expedida pelo TRF1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) suspendeu o leilão de quatro hidrelétricas da Cemig, que estavam previstas para serem vendidas pela União no dia 22 de setembro. Em busca  de cumprir a meta de déficit fiscal deste ano, o governo pretende arrecadar ao menos R$ 11 bilhões com o leilão das quatro hidrelétricas – Jaguará, Miranda, São Simão e Volta Grande.

Em decisão do último dia 18, o desembargador federal Souza Prudente entendeu que o valor de venda estaria muito abaixo do que verdadeiramente valem as usinas. Ele acolheu a argumentação do advogado Guilherme da Cunha Andrade, autor do pedido, que vê valor mínimo para o leilão de R$ 18 bilhões.

Crise Fiscal

Desesperadamente, o governo busca de todas as formas escapar do risco da responsabilidade fiscal. Com isso, esse valor do leilão da Cemig era fundamental, Temer está contando com esse leilão para fechar as contas e, se isso não acontecer, a situação do caixa do governo poderá ficar ainda pior.

Regra de ouro

O artigo 167 da Constituição, que proíbe a emissão de dívida em valor superior às despesas de capital (essencialmente investimentos) do exercício, é a regra de ouro das finanças públicas.

Com os elevados déficits fiscais, há crescente possibilidade de infração à norma em 2018, o que configuraria crime de responsabilidade das autoridades, inclusive do presidente da República. Se a questão não for equacionada, quem assumir o governo em 2019 também terá dificuldade para cumprir a regra, a menos que paralise a máquina pública por falta de pagamentos.

Jucá

O segundo evento que incomodou os investidores foi a informação de que a PGR (Procuradoria Geral da República) denunciou ao STF (Supremo Tribunal Federal) o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), por crimes na Operação Zelotes, que apura fraudes no CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais).

Não há mais detalhes sobre o caso porque ele segue sob segredo de Justiça. Mas a notícia se torna mais uma pedra no complicado cenário para o governo conseguir apoio para aprovar as reformas que está propondo, principalmente a da Previdência.


DiogoDIOGO YAMASSAKE

Profissional do Mercado Financeiro certificado pela Comissões de Valores Mobiliários(CVM) e PQO BM&F Bovespa. Contato: diogo.yamassake@wiseadvisors.com.br

 

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