No início deste mês, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou o Atlas da Violência 2017 no qual Jundiaí aparece como a 8ª cidade mais pacífica do país. O Ipea fez a pesquisa utilizando dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde referentes aos anos de 2005 a 2015, além dos registros policiais publicados no 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O Instituto analisou o número de homicídios e mortes violentas por causas indeterminadas em cidades com mais de 100 mil habitantes. O Jundiaí Agora – JA – avaliou as estatísticas da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) dos últimos cinco anos e chegou à conclusão que, em termos de crimes que terminaram em mortes, os índices da cidade são estáveis. Alguns números, contudo, mostram que Jundiaí está longe de ser considerada ‘pacífica’. Nos últimos cinco anos, 2012 foi o que mais teve homicídios dolosos, 37 no total, uma média de 3,08 assassinatos por mês. Há três anos foram registradas 48 tentativas de assassinato, quatro crimes deste tipo a cada 30 dias ou, ainda, um por semana.

Qualquer policial sabe que não é possível afirmar que uma cidade é pacífica observando apenas os registros dos homicídios ocorridos num determinado período. Assassinatos acontecem independentemente das estratégias de combate ao crime que fazem parte do sistema de segurança pública elaborado pelos municípios, Estados e Governo Federal. São crimes imprevisíveis. Aliás, o termo ‘pacífico’ usado pelo Ipea esbarra exatamente no significado de segurança pública, que é a manutenção da ordem pública, da tranquilidade e do respeito às leis e aos costumes. Se algo perturba a ordem pública, causando prejuízo à vida, liberdade ou direitos de uma pessoa, a segurança pública está sendo afetada. Portanto, outros tipos de crimes – por mais corriqueiros que sejam, como um simples furto de carteira – devem ser incluídos na conta para saber se uma cidade é realmente pacífica ou não.

LEIA O ATLAS DA VIOLÊNCIA 2017 DO IPEA

Diante dos dados revelados pelo Instituto e a definição do que é segurança pública, o JA decidiu conferir se Jundiaí é mesmo uma cidade pacífica. Para isto checou as estatísticas da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo dos últimos cinco anos levando em consideração crimes que vão desde homicídios até furtos comuns. Hoje, o levantamento referente aos crimes contra pessoas:

Dezoito homicídios dolosos (com intenção) ocorreram em 2011. Dois latrocínios (matar para roubar) foram registrados. As delegacias atenderam 11 homicídios culposos e 36 tentativas de homicídios.

Em 2012, foram registrados 37 homicídios dolosos (aumento de 105% se comparado ao ano anterior) e três latrocínios. Ocorreram nove homicídios culposos e 34 tentativas de assassinato.

No ano seguinte foram contabilizados 28 homicídios dolosos e dois latrocínios. Sete homicídios culposos foram registrados e, assim como em 2012, ocorreram 34 tentativas de assassinatos.

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Entre 2012 e 2013, os homicídios dolosos caíram 28%. A diferença relativa aos latrocínios foi insignificante e as tentativas de homicídio ficaram estáveis.

Em 2014, Jundiaí teve 35 homicídios dolosos, dois latrocínios e dois homicídios culposos. Em compensação, foram registradas 48 tentativas de assassinato. O aumento de assassinatos tentados entre os anos 2012/2013 e 2014 foi de 6%.

No ano da pesquisa do Ipea, 2015, Jundiaí teve redução significativa nos homicídios dolosos. Foram registrados apenas 24 casos. Em relação ao ano anterior, queda de 31%. Os latrocínios dobraram: quatro casos, mesmo número de homicídios culposos. As tentativas de assassinato caíram 22%. Foram registrados 37 casos.

No ano passado ocorreram 23 casos de homicídios dolosos.  Os latrocínios tiveram leve queda, com três casos registrados nas delegacias. Ocorreram cinco homicídios culposos e 36 tentativas de assassinato. (foto acima: aps.net.br)


Amanhã, levantamento de mortes em acidentes e de estupros ocorridos em Jundiaí nos últimos cinco anos.